Crônicas

Como é gostoso fazer


Anderson Calandrini*

Aquela foi à maneira mais esplêndida de fazer aquilo pela primeira vez, sabe aquelas experiências que lhe deixam sem ar, com vontade de bis, porem você não sabe quando isso se repetirá e guardará na memória aquele primeiro contato com aquela pele derretida, dá cor da espádua nua da Moreninha.

Vovó dizia que era preciso prestar bem atenção na maneira como se faz, e que era melhor fazer com quem já tem mais experiência, pois assim não correríamos o risco de estragar aquele momento que nos rende vários instantes de nirvana.

Mamãe me falou que era preciso ser carinhoso quando os dois são inexperientes, e que era preciso presta atenção nas sensações do companheiro, pois através disso conseguiria um maior conhecimento sobre o assunto.

Meu pai já diz que é preciso fazer com varias pessoas, experientes ou não, para que possamos ter um maior aprendizado e nunca fazer feio, e no caso da primeira vez, fazer com vontade para que, a do inicio se sinta nas nuvens e queira repetir aquele momento; e ainda diz que com os indivíduos mais velhos é melhor, pois esses passam toques que melhoram e muito sua atuação.

Eu ainda não sabia, mas essas informações me ajudariam muito na minha realização profissional, e que quanto mais experiências tivesse, mas fácil conseguiria desfilar pelas ruas de Paris, em busca de um cliente que aceitasse experimentar.

Claro que iniciei em Barbacena, no sitio dos meus avôs, lá tive, como primeira parceira, uma prima, Cláudia, que na época só tinha visto como era feito, mas nunca teve a oportunidade de botar em prática. Ela dizia que já estava ficando velha, e que precisava começar a praticar, para que não fizesse feio para o marido.

Depois veio Odete, amiga de infância de minha vó, se você acha que a idade impede, está enganado, pois para provar ao contrario elas dão o máximo de si, para provar a sociedade que a idade não quer dizer nada.

Depois veio a Professora Lusia, que me levou escondido para sua casa, pois o marido não podia saber, e lá me mostrou um livro que não recordo o nome, mas que ensinava várias técnicas, algumas tão estranhas que pensava eu que fossem impossíveis de serem feitas ou aguentadas, algumas deixavam os praticantes muito excitados, e outras envolviam frutas afrodisíacas. Nesse dia quase fomos pegos pelo seu filho mais velho.

Ai; com tanta vontade de aprender coisas novas, pois essas sempre estão sendo inventadas, fui para no calçadão de Copacabana. Lá encontrei Clara, uma garota de programa que nas horas vagas dava aulas para quem quisesse aprender, tipo técnicas que seus clientes gostavam de experimentar e dizia ela não reclamavam.

E com muito esforço consegui, entrar para maior escola de culinária do país, lá tive grandes mestres, que também gostavam de experimentar coisas novas, e que queriam me ajudar na busca por novas técnicas e participar desse orgasmo culinário.

E foi assim, através desses toques, que hoje me apresento como Louis Patcho, o homem que mais entende de chocolate no globo.


______________________________________________________________________


*Anderson Calandrini escreve para os Jovens Jornalistas, é estudante de Jornalismo na Universidade Federal do Amapá (UNIFAP)e repórter do Jornal do Dia. A crônica "Como é gostoso fazer" está no livro "Caldo Fino" lançado recentemente pelas professoras de comunicação, Roberta Scheibe e Claudia Arantes.